O verdadeiro significado do lamento

Queremos convidar você a explorar o significado do Lamento na leitura de 40 Dias, 40 Palavras.

Como estamos caminhando rumo à Páscoa, em espírito de reflexão, oração e buscando crescimento espiritual, queremos compartilhar com você mais uma mensagem — a do dia 5 – de nossa jornada de 40 Dias, 40 Palavras! Ela traz o poderoso tema do lamento para refletirmos a respeito.

Você já parou para considerar o verdadeiro significado por trás do lamento? Nossa jornada nos convida a pensar sobre por que o lamento é importante sob a perspectiva bíblica. Nas Escrituras, os lamentos eram expressões de tristeza ou luto, mas eles carregavam uma profundidade de significado que ressoa em nossas vidas até hoje.

Por que o lamento é tão importante em nossa jornada espiritual? Essa é uma das perguntas que estamos explorando e convidamos você a se juntar a nós nessa busca por respostas e entendimento.

Lamento

“Escuta, Senhor, as minhas palavras, considera o meu gemer. Atenta para o meu grito de socorro, meu Rei e meu Deus, pois é a ti que imploro.”

O lamento é uma arte que se perdeu. Ele é uma arte porque, na Bíblia, o vemos com mais frequência na poesia dos Salmos e nos textos dos profetas. De fato, a palavra hebraica “lamento” (qinah) provém de uma palavra para cantar ou entoar (qin). Nas Escrituras, os lamentos das pessoas eram canções de tristeza ou de luto.

Essa arte foi perdida porque, com muita frequência, preferimos olhar o lado positivo. Mais de um século atrás, espalhou-se pelas igrejas um ensinamento acerca de “uma vida vitoriosa”. Muitas pessoas aprenderam a esconder seus problemas porque, como você sabe, há “vitória em Jesus”.

Ainda hoje, existem vertentes desse ensinamento que promovem o sucesso e o bem-estar acima da dura verdade de nossa vida: “Se você expressa sua dor ou decepção, bem, isso demonstra falta de fé”. É melhor fingir que está tudo bem. Não se engane: é bom confiar positivamente em Deus para  redimir as nossas situações, mas a Bíblia nos convida também a lamentar honestamente quando coisas ruins estão acontecendo. O padrão bíblico é apresentar esses clamores e queixas diretamente a Deus.

De certa maneira, o lamento é a arte bíblica de cantar as nossas tristezas para o nosso Senhor. Deus aguenta. De fato, Ele acolhe nossa queixa. A Bíblia toda trata do desejo de Deus de ter um relacionamento conosco e de Sua abertura para ouvir as nossas dificuldades. “Escuta, Senhor, as minhas palavras”, canta Davi em tom de lamento (Salmo 5:1). Existe um livro inteiro da Bíblia chamado Lamentações. Geralmente creditado a Jeremias, ele mostra o profeta  vagando por uma Jerusalém em ruínas, clamando em doloroso lamento. Ele ecoa aquela icônica pintura de Edvard Munch, O grito, que retrata de maneira crua e gutural o desespero da vida.

O lamento é uma honestidade brutal acerca de nós e de Deus. O livro de Jeremias é repleto de lamentos muito honestos, quando o profeta responde a pessoas que não querem 

dar ouvido às suas advertências para se acertarem com Deus. Elas preferiam boas notícias (veja Isaías 30:10), mas Jeremias insistiu em que, somente pela prática do lamento, elas voltariam para Deus: “Suas cidades ficarão em ruínas e sem habitantes. Por isso, ponham vestes de lamento, chorem e gritem…” (Jeremias 4:7-8). 

Muitos dos salmos são considerados lamentos (alguns estudiosos colocaram esse rótulo em 67 dos 150 salmos). E os salmistas não se contiveram, clamando acerca de injustiça no mundo, dor física, depressão, ameaças de inimigos e o fato de às vezes Deus parecer estar distante e não atender aos seus chamados.

Algo fascinante acontece em muitos desses salmos de lamento: o tom muda no fim. Após longas seções esbravejando com Deus, frequentemente os escritores decidem que confiar no Senhor é a melhor opção. Por exemplo, o Salmo 42 (continuado no Salmo 43) nos dá uma estrutura de versículos e refrões que derrama diversas queixas devastadoras, mas sempre volta para descansar na bondade de Deus:

 

Por que você está assim tão triste, ó minha alma?

Por que está assim tão perturbada dentro de mim?

Ponha a sua esperança em Deus!

Pois ainda o louvarei;

ele é o meu Salvador e o meu Deus. (Salmo 42:11)

 

Diversos gêneros musicais (notadamente o blues) usam uma forma conhecida como pergunta-e-resposta. Ali, a letra do lamento assume a forma de perguntas (o chamado), e o fim é como que uma resposta de Deus.

Na jornada para a Páscoa, lamentamos, clamamos as nossas queixas, expressando como fomos tão injustiçados que temos vontade de gritar. Aqui, poderíamos ecoar as palavras de um lamento bíblico: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?” — palavras do salmista recitadas por Jesus na cruz (Salmo 22:1). Porém, algo engraçado acontece no balcão de reclamações: o nosso lamento se transforma em arrependimento. Davi escreve: “Pois eu mesmo reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me persegue” (Salmo 51:3).

Tal como Davi, chegamos a esse ponto de reconhecer que somos parte do problema. Nós pecamos; necessitamos de redenção. E é então, nessa dramática reviravolta de lamentos, que somos capazes de ver a cruz com novos olhos. As queixas que abrigamos em nossa vida diária são, frequentemente, resultado de nosso próprio pecado. As nossas lágrimas são enxugadas quando finalmente reconhecemos os nossos fracassos perante Deus. Através de olhos mais limpos, vemos que a cruz é a encruzilhada de tudo que há de errado no mundo e de tudo que é certo no perdão de Deus para o nosso pecado.

PREPARANDO O SEU CORAÇÃO PARA A PÁSCOA

Senhor Deus, tenho uma lista de reclamações. Porém, sei que tudo começa comigo e, por isso, peço Teu perdão pelas diversas maneiras pelas quais pequei contra ti.

40 Dias, 40 Palavras

Passe 40 DIAS percorrendo 40 PALAVRAS e aproxime-se de Deus com seu coração, sua alma e sua mente.

40 Dias, 40 Palavras

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