Às vezes, parece que, assim que você se senta para orar, o telefone toca, ou o cachorro late, ou uma mosca fica presa na janela, ou alguém bate na porta. E então, assim que você se acomoda novamente, começa a pensar em algo que tem que fazer e não consegue tirar isso da cabeça.

Você costuma se distrair quando ora? Você não é o único. Eu também luto com isso. Qualquer pessoa que fizer um esforço para orar terá que lidar com isso às vezes. E estamos em boa companhia. Pense nos discípulos e nas palavras de Jesus a Pedro, naquela noite, no jardim do Getsêmani, quando Ele voltou e os encontrou dormindo: “Não pode vigiar comigo nem por uma hora? Vigiem e orem para que não cedam à tentação, pois o espírito está disposto, mas a carne é fraca.”(Marcos 14:37-38).

Conhecemos essa fraqueza, mas as próprias palavras de Jesus aqui nos mostram que ela não nos impede de orar. Nós podemos fazer isso! Sim, às vezes a oração será uma batalha. Nosso adversário, o diabo, sabe que, se ele pode nos impedir de orar, ele pode nos derrotar em muitos níveis, porque então estaremos vivendo por nossas próprias forças, desconectados de nosso Pai celestial, que é a fonte de toda a vida e poder. Mas, se examinarmos os obstáculos que enfrentamos quando oramos, com a ajuda de Deus, encontraremos um caminho para superá-los. Hoje examinaremos cinco desafios para nossas orações e como podemos superá-los.

Aqui está o primeiro: simplesmente ficamos muito ocupados. Você sabe como isso pode ser. Podemos começar o dia com as melhores intenções de que passaremos tempo com Deus em oração e em Sua Palavra, mas então, primeiro, há apenas uma coisinha que temos que fazer. E, antes que você perceba, aquela coisinha leva a outra e outra, até que nos encontramos estressados ​​no final do dia, exaustos, com pouca satisfação em nossa alma. Acabamos sedentos e ressequidos porque não tivemos da água viva. C. S. Lewis dá uma descrição adequada de como um dia como esse começa: “Ele surge no exato momento em que você acorda, todas as manhãs. Todos os seus desejos e suas esperanças para o dia tomam a sua mente de assalto, como animais selvagens. E a sua primeira tarefa cotidiana consiste em simplesmente empurrá-los todos de lado, dando ouvidos àquela outra voz, pressupondo aquele outro ponto de vista e deixando aquela outra vida mais ampla, forte e calma fluir. E a vida segue, dia após dia, com a gente se distanciando de todas as gritarias e aflições que nos invadem com a força de um vendaval.”(Cristianismo puro e simples. Ed. Thomas Nelson Brasil, 2017).

Precisamos desesperadamente fazer isso — começar cada dia com Deus, louvando-o e humilhando-nos perante Ele, abrindo-nos para a Sua direção e o Seu amor. Essa é uma escolha consciente que devemos fazer. Podemos não ser capazes de ter um tempo devocional logo pela manhã, por causa de uma criança que demanda nossa atenção ou por outro motivo (então pode ter que ficar para um pouco mais tarde). O importante é que comecemos cada dia, conscientemente, comprometendo-nos com Deus, “deixando aquela outra vida mais ampla, forte e calma fluir”, como disse Lewis. Deixe seus primeiros pensamentos serem de Deus, não importa o que você esteja fazendo. Entregue-se a Ele, peça a Ele para guiá-lo e enchê-lo com Seu Espírito e mantê-lo por perto. Em primeiro lugar, corra para Ele. E então faça com que o tempo investido com Ele — mesmo que seja apenas dez minutos — seja uma prioridade diária. Encontre sempre durante o dia o tempo que for e dedique-o a Ele, para que possa amá-lo de todo o coração, alma e força. Muita coisa depende disso. Precisamos fazê-lo!

Como estamos ocupados, há uma série de distrações que brotam como ervas daninhas assim que começamos a orar, como uma preocupação persistente, por exemplo. A melhor coisa que podemos fazer com essa preocupação é transformá-la em oração naquele exato momento. Também mantenho meu planner ao meu lado quando oro, porque parece que sempre começo a pensar em algo que preciso fazer, até mesmo uma lista inteira de coisas. Então, eu apenas anoto para que eu possa tirar isso dos meus pensamentos e me concentrar no que é realmente importante. E, claro, nem toda distração vem de nosso adversário; às vezes, elas vêm de Deus. Se aquela criança de dois anos está puxando você, que ótimo momento para tomá-la nos braços e orar por ela por um momento e pedir a Deus que a abençoe.

Agora, o segundo obstáculo à nossa oração: sentir-se indigno. Em nossa luta diária com o que um teólogo chamou de “a trindade profana do mundo, a carne e o diabo”, sempre que fizermos a escolha errada e pecarmos, nosso adversário fará o possível para não nos deixar esquecer aquilo. Assim que você se sentar para orar, terá aquele pensamento incômodo: “Você acha que Ele ouvirá você? Você realmente acredita que Deus responderá às suas orações depois do que você fez e das maneiras como você estragou tudo?”. Esses são pensamentos devastadores.

Martinho Lutero uma vez comentou que, quando o diabo veio bater à porta de seu coração, ele deixou Jesus atender. E Jesus dizia: “Martinho Lutero morava aqui, mas agora sou o dono desta casa”. E o diabo, vendo Jesus, ia embora imediatamente. Se recebemos Jesus e nos arrependemos de nossos pecados e sinceramente nos afastamos deles e nos voltamos para Cristo, podemos confiar que Ele nos receberá como Seus. Sua Palavra promete: “Mas, a todos que creram nele e o aceitaram, ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus.” (João 1:12). Nossos pecados são coisas graves — a mesma razão pela qual Jesus foi para a cruz. Mas a Palavra de Deus nos lembra de que “se confessamos nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:9). Então podemos vir a Ele sabendo que somos amados. É por isso que 2 Coríntios 5:17 nos lembra: “Logo, todo aquele que está em Cristo se tornou nova criação. A velha vida acabou, e uma nova vida teve início!”. Não somos mais quem éramos.

Mas há um terceiro obstáculo que devemos mencionar quando estamos discutindo o pecado e a oração, e é o pecado que se torna um ídolo em nosso coração. O pecado ao qual nos apegamos em nosso coração, recusando-nos a abandoná-lo, pode causar problemas reais para nossas orações. Afeta como oramos e o que acontece quando oramos. Ouça as palavras do Salmo 66:18: “Se eu não tivesse confessado o pecado em meu coração, o Senhor não teria ouvido”. Precisamos nos perguntar: “Quais são os pecados que prezo em minha vida?”. Aqueles lugares onde dizemos: “Não, Senhor, eu não vou desistir disso!”. Existe um lugar em nossa vida o qual estamos dando ao mundo em vez de ouvir a Sua Palavra? O testemunho das Escrituras é claro: nutrir o pecado em nosso coração é um obstáculo para que Deus responda às nossas orações. O profeta Isaías disse ao povo de Deus: “Ouçam! O braço do SENHOR não é fraco demais para salvá-los, nem seu ouvido é surdo para ouvi-los. Foram suas maldades que os separaram de Deus; por causa de seus pecados, ele se afastou e já não os ouvirá.” (Isaías 59:1-2). Jesus disse o seguinte: “Mas, se vocês permanecerem em mim e minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e isso lhes será concedido!” (João 15:7). Há claramente uma conexão entre nossa obediência e a eficácia de nossas orações. O pecado entristece o Espírito de Deus (Efésios 4:30), porque o que estamos dizendo, quando acalentamos o pecado em nosso coração, é: “Senhor, amo isto mais do que a ti”. E o único remédio é confessar nosso pecado e pedir Sua ajuda para superá-lo. À medida que pedimos a Jesus para nos encher com um novo amor por Ele, este amor nos protegerá do pecado porque não queremos entristecer o Senhor. E haverá uma nova vida em nossas orações.

O quarto obstáculo: desânimo em relação às orações anteriores. Provavelmente, você já passou pela experiência de orar sobre algo, e nada parecer mudar. Pode ter sido algo muito importante para você, como a saúde de um ente querido, ou um relacionamento conjugal, ou um filho ou filha rebelde. Nessas circunstâncias, podemos ficar facilmente desanimados e nos perguntar: “Por que orar?”, quando nossas orações parecem fazer pouca diferença. Se você já se sentiu assim, você não está sozinho. Ninguém menos que o profeta Elias lutou contra o desânimo, mesmo depois de ter visto Deus fazer coisas incríveis. Não muito depois de uma grande vitória, ele está fugindo com medo; e ele realmente ora, como vimos na lição anterior: “Já basta, SENHOR […] Tira minha vida…”(1 Reis 19:4). Pense em uma oração honesta! Mas não muito depois disso, Deus o ajudou.

O que Elias faz aqui nos mostra como lidar com nossos desânimos e decepções, sejam eles quais forem. Leve-os a Deus. Entregue-os a Ele diretamente. “Entregue suas aflições ao SENHOR, e ele cuidará de você…”, promete o Salmo 55:22. Como pai de um ex-filho pródigo, posso dizer que já fiz isso mais de uma vez, e Deus tem maneiras de se mostrar fiel. Pode levar algum tempo, mas, à medida que nos apoiamos nele e nos comprometemos com Ele, Deus nos encontra até mesmo nos lugares mais difíceis.

E isso nos leva ao quinto obstáculo à nossa oração, que é a falta de fé. Quando Tiago escreve sobre pedir sabedoria a Deus, ele nos diz que, quando pedimos, devemos pedir “com fé, sem vacilar, pois aquele que duvida é como a onda do mar, empurrada e agitada pelo vento. Ele não deve esperar receber coisa alguma do Senhor…”(Tiago 1:6-7). Jesus frequentemente falava sobre a importância da fé quando oramos; e algumas vezes Ele disse aos discípulos que eles tinham pouca fé. Mateus 13:58 também nos diz que, quando Jesus visitou Sua cidade natal, “não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles” (ARA). Eu não quero morar naquele lugar, e você? Eu não quero que minha vida seja aquele lugar. Mas às vezes tem sido! Vivemos em uma era cínica e podemos facilmente ser apanhados pela maneira dela pensar. Quando uma oração é respondida, podemos ser tentados a pensar nisso como “apenas uma coincidência”. E, então, da próxima vez, talvez não oremos.

Como isso é diferente da maneira como Deus deseja que vivamos! Ele quer que vivamos com mente e coração cheios de expectativa e um sentimento pueril de admiração. Ele quer que perguntemos: “Por que não?”. Devemos pensar criativamente sobre Seu amor e poder e ser gratos pelas menores bênçãos. Um dia, os discípulos foram até Jesus e disseram: “Faça nossa fé crescer!” (Lucas 17: 5). Que grande oração para se fazer! Jesus disse em resposta: “Se tivessem fé, ainda que tão pequena quanto um grão de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela lhes obedeceria” (Lucas 17:6). Em outras palavras, apenas a menor quantidade de fé, colocada nas mãos de Deus, pode fazer coisas incríveis, e é por isso que precisamos pedir por isso.

 

Vamos concluir a lição de hoje com uma oração por mais fé, e que Deus nos ajude a superar todos os obstáculos para nos aproximarmos dele.

Senhor Jesus, por favor, sim, aumenta a nossa fé. Pedimos isso exatamente como os discípulos pediram. Senhor, nos ajuda a te amar acima de tudo. Remove todo ídolo de nosso coração, para que tu sejas o primeiro, para que possamos entrar na Tua presença, com amor e com nossas orações. Em Teu nome, oramos, amém.

Reflita:

  • Por que decidir passar tempo com Deus regularmente é importante?
  • Qual é a melhor coisa a fazer com uma preocupação persistente?
  • Como o adversário pode usar nosso pecado para nos impedir de orar?
  • Qual é o melhor plano de ação quando estamos desanimados quanto às respostas às orações?
  • Como você pode encorajar outras pessoas em seu grupo a se envolverem na prática da oração?



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