Às vezes, podemos ter dificuldade em saber o que dizer quando oramos. Talvez você tenha orado em um grupo de pessoas, e a pessoa ao seu lado acabou de orar, e ela soou tão bem. Enquanto ela orava, quase dava para ouvir os coros celestiais e ver os anjos descendo — pensamentos e palavras tão lindos. Ah, mas então é sua vez, e as palavras simplesmente não vêm.

Você já passou por isso? Eu sei que eu sim. E se você tem dificuldade em saber o que dizer, eu adoraria encorajá-lo. A verdadeira oração, oração que move o coração de Deus e o Céu e a Terra junto com ela, não tem nada a ver com nossa habilidade de unir as palavras. Nosso Pai celestial é tão amoroso e gentil, e que tipo de pai diria: “Você precisa conhecer bem as palavras e ter eloquência antes de falar comigo”? Ele não é assim, de jeito nenhum.

Vamos dar um passo adiante. Ele nos conhece melhor do que nós mesmos. Davi escreveu sobre Ele no Salmo 139:4: “Antes mesmo de eu falar, SENHOR, sabes o que vou dizer”. Deus sabe o que vamos dizer antes mesmo que as palavras saiam de nossa boca. Jesus disse: “…seu Pai sabe exatamente do que vocês precisam antes mesmo de pedirem.” (Mateus 6:8). E Ele ainda quer que oremos. Por quê? Porque a oração não é sobre palavras, não no nível mais profundo. É sobre relacionamento, como falamos em nossas lições anteriores. E, nesse relacionamento, Deus se preocupa com o que pensamos e sentimos e quer que expressemos isso a Ele. Não só isso: Ele escolheu usar nossas orações como o meio pelo qual Ele muda a história e realiza grandes coisas! Deus quer que interajamos com Ele e nos convida a fazer isso, não porque Ele precisa que façamos, mas simplesmente porque Ele é bom.

Deus nos deu muito incentivo e tantos ótimos exemplos em Sua Palavra sobre como nos comunicar com Ele. Consideraremos hoje três percepções bíblicas muito práticas sobre como falar com Deus.

Philip Yancey em seu livro Oração: ela faz alguma diferença? (Ed. Vida, 2007), escreveu que o ensino de Jesus sobre a oração “se resume em três princípios gerais: mantenha-a sincera, mantenha-a simples e mantenha-a”. Eu gosto disso. Quando você e eu somos verdadeiros com Deus, Ele se torna real para nós. Quando colocamos as situações básicas e cotidianas de nossa vida diante dele com oração expectante e fiel, lidamos com Deus em um nível em que podemos vê-lo intervir. Acho que isso é parte da recompensa de que Jesus está falando quando diz que “seu Pai, que observa em segredo, os recompensará.” (Mateus 6:5). Não é que nossas orações sejam sempre respondidas da maneira que queremos, mas, por termos nos aproximado de Deus, é como se tivéssemos um lugar, na primeira fila, para as coisas que Ele está fazendo; e Ele aumenta nossa força e esperança, mesmo que nossa situação não mude.

Há alguns anos, escrevi um livro chamado Praying the Prayers of the Bible (Fazendo as orações da Bíblia — tradução livre) no qual classifiquei o máximo de orações da Palavra de Deus que pude. Existem várias categorias diferentes de oração na Bíblia: orações de louvor, orações de gratidão, orações para fortalecer a fé, orações sobre as necessidades diárias, orações para confessar pecados, orações por ajuda e proteção e orações de bênção. Mas havia outra categoria que realmente me surpreendeu, porque não é a primeira coisa em que você pensa, e é o que você pode chamar de “orações de luta”. Orações como a do pai que foi a Jesus com um filho endemoninhado e pediu Sua ajuda, dizendo: “Eu creio, mas ajude-me a superar minha incredulidade!” (Marcos 9:24). Todos nós podemos nos identificar com um pedido como esse; é uma oração muito real. Algumas das orações da Bíblia são tão realistas que nem parecem orações. Pense na oração de Moisés quando Deus o chamou para libertar Seu povo, em Êxodo 4:13: “‘Por favor, Senhor!’, suplicou Moisés. ‘Envia qualquer outra pessoa!’”. Ou a oração de Elias, em 1 Reis 19:4: “‘Já basta, SENHOR, disse ele. ‘Tira minha vida…’”. Ou aqui está outra de Davi, no Salmo 13:1: “Até quando, SENHOR, te esquecerás de mim? Será para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?”.

Eu acredito que Deus permitiu que essas orações fossem incluídas em Sua Palavra por um motivo. Elas nos mostram como é um relacionamento real com Deus — nada aqui é fingimento. Em cada uma dessas situações, Deus providenciou ajuda para aquele que estava sendo tão verdadeiro com Ele.

Queremos chegar o mais perto que pudermos dele quando oramos. Isso nos leva à nossa segunda visão bíblica prática: quando você tiver dificuldade para saber o que dizer ao orar, deixe a Palavra de Deus ajudá-lo.

  1. Murray M’Cheyne, um pastor escocês, há quase 200 anos, incentivou sua congregação a “transformar as Escrituras em oração”. Ele era um homem profundamente humilde que tinha uma fé exemplar. Uma vez disse que “uma hora tranquila com Deus vale uma vida inteira com o homem.”

Sabe, Deus pode tratar de tanto em apenas um momento com Ele. O tempo que se passa com Ele sempre vale a pena, e Sua Palavra nos mostra como orar pelo exemplo. Se você está se perguntando como louvar a Deus, basta ir aos salmos e começar a ler. Se você que aprender como orar pelos outros, veja algumas das orações de Paulo em Colossenses ou Efésios. Quando você faz as orações da Bíblia, você aprende pelo exemplo de Jesus, Paulo, Moisés, Davi, Jeremias e muitos outros e também tem um vislumbre das coisas incríveis que Deus tem feito repetidamente em resposta à oração. A melhor razão para aprender a fazer as orações da Bíblia é que Jesus fez isso em várias ocasiões, inclusive na cruz.

Precisamos aprender as orações da Bíblia, levá-las a sério e memorizá-las. O Espírito Santo se move através da Palavra de Deus, de maneiras poderosas e inspiradoras. Quando permitirmos que as orações da Bíblia nos ensinem a como orar e se tornarem um ponto de partida para nossas próprias orações, descobriremos que Ele dá asas às nossas próprias orações. Quando lutamos contra o pecado, podemos orar com Davi no Salmo 51:10: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova dentro de mim um espírito firme”. Saber de cor alguns versículos-chave das Escrituras pode nos ajudar em momentos de crise ou no meio da noite. 

Quando não consigo dormir, adoro orar o Salmo 23 e meditar nele até o sono venha: agradeço ao Senhor por ser meu pastor, e então me lembro que Ele é tudo de que preciso. Eu me acalmo diante dele, imaginando que estou com Ele em pastos verdes e ao lado de águas tranquilas. Peço a Ele que restaure minha alma e me guie em Seu caminho. Agradeço a Ele porque estará comigo, não importa o que eu enfrente, e pelo modo como Ele me abençoou, mesmo em circunstâncias difíceis. Penso em como Sua bondade e amor me seguirão todos os dias da minha vida e estarei com Ele para sempre, e eu o louvo e descanso nele. Às vezes, quando estou orando dessa forma, penso em João confiando em Jesus enquanto coloco minha cabeça no travesseiro, e geralmente não consigo ler todo o salmo antes de adormecer. Este é apenas um exemplo de como pode ser útil e significativo fazer as orações da Bíblia e transformar a Palavra de Deus em oração.

E isso nos leva ao terceiro entendimento prático das Escrituras: quando você luta para saber o que dizer ao orar, lembre-se de que Deus o ouve com amor por causa de Jesus. A epístola aos Hebreus nos diz que, por causa de Jesus e do que Ele fez por nós, podemos nos aproximar “do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (4:16 NVI). Não só isso: a Palavra de Deus nos promete, em Romanos 8:34, que, se recebemos Jesus, seremos recebidos com amor e sem condenação e que o próprio Jesus está à destra do Pai, intercedendo por nós.

Mas há ainda mais esperança para nós na Palavra de Deus. Quando você e eu temos dificuldade em orar, o Espírito Santo também ora por nós. Romanos 8:26–27 nos diz que “o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus”. Portanto, você e eu podemos ter plena confiança de que nossas orações são ouvidas e compreendidas por Deus e recebidas com amor por causa do nosso Salvador. Jesus ora por nós, o Espírito intercede por nós, e a Palavra de Deus nos diz, em Apocalipse 5:8, que nossas orações são tão preciosas para Ele que os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos se prostram diante do Cordeiro e cada um deles tem nas mãos “taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos”.

Nossas orações são muito importantes para nosso Pai celestial. E não se trata apenas do que dizemos. Lembre-se de que orar também é ouvir e simplesmente estar na companhia de Deus. Assim, podemos orar sem palavras, amando a Deus de coração e não fazendo mais nada além de estar com Ele. Podemos orar com um simples gesto, ajoelhando-nos como Pedro, ou levantando nossas mãos como Moisés ou Paulo, ou prostrando-nos com o rosto em terra como Abraão, ou mesmo dançando como Davi. Você vê diferentes posturas para orar em vários lugares nas Escrituras; e Deus nos guiará naquilo que funciona melhor para nós a qualquer momento. O principal é que apenas nos coloquemos à disposição. À medida que nos aquietarmos em Sua presença, descobriremos que a oração se torna mais natural para nós com o tempo. Se estaremos na presença de Deus por toda a eternidade, precisamos aprender a estar com Ele agora.

Reflita:

  • Que aspectos do caráter de Deus nos mostram que Ele não se preocupa com a forma como nos expressamos quando oramos?
  • Como Jesus enfatizou a importância de sermos nós mesmos com Deus ao orarmos?
  • Como Deus nos ajuda quando fazemos as orações da Bíblia?
  • Você tem uma oração favorita na Bíblia que você usa para orar pelos outros? Explique.
  • O que lhe garante que suas orações são ouvidas e recebidas por Deus e que elas podem ser respondidas?

Em nossa próxima lição, lição 4, veremos vários obstáculos para nossa oração e a diferença que faz quando os tiramos do caminho.

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