FRAGMENTADO

Em qualquer um de nossos círculos de convívio, nós lidamos com opiniões divergentes e com as muitas “verdades” defendidas. Vivemos em meio a polarizações partidárias, discordâncias conceituais em nossos cursos, conflitos geracionais em nossas famílias e dúvidas interiores que nos fazem questionar se a verdade de fato existe.

Com um volume tão grande de informações, somos expostos a conceitos distorcidos, carregados de ideologias, o que pode nos levar a atuar de maneiras variadas. Somos mais politizados em um lugar, mais conciliadores em outro e ainda neutros num terceiro; assim, sofremos. Estamos cheios de meias verdades, mas vazios da verdade inteira. Vivemos fragmentados. Embora sejamos um pouquinho de cada coisa, não somos muito de nada.

 

ONDE ENCONTRAR NA BÍBLIA?

ROMANOS 12:1-2

Portanto, irmãos, suplico-lhes que entreguem seu corpo a Deus, por causa de tudo que ele fez por vocês. Que seja um sacrifício vivo e santo, do tipo que Deus considera agradável. Essa é a verdadeira forma de adorá-lo. Não imitem o comportamento e os costumes deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma mudança em seu modo de pensar, a fim de que experimentem a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para vocês.

1 CORÍNTIOS 10:31

Portanto, quer vocês comam, quer bebam, quer façam qualquer outra coisa, façam para a glória de Deus.

 

FALANDO SOBRE O ASSUNTO

Encontrando a Verdade

Em um mundo fragmentado e carente da verdade, a espiritualidade cristã nos convida não apenas a um conhecimento intelectual, mas a um relacionamento transformador com Cristo. A Bíblia apresenta Jesus como a verdade (JOÃO 14:6). Sendo assim, Ele pode transformar a maneira pela qual vemos a nossa vida, pois não mais a enxergamos pelo ponto de vista de ideologias e diferenças de opinião, mas pela ótica do amor, do perdão e da graça. Em Jesus descobrimos a verdade sobre nós mesmos e, quando compreendemos o grande amor dele por nós, passamos a agir por inteiro.

Unificado interiormente

O apóstolo Paulo demonstrou muito bem como tal compreensão funciona. Entender a profundidade do amor de Jesus o levou a entregar-se por inteiro à transformação concedida. Paulo praticava intensamente os ritos religiosos do judaísmo e era um profundo conhecedor da filosofia e cultura de sua época. Portanto, tinha todos os ingredientes para ser alguém fragmentado e viver a partir de diversas personas, já que a religião e a filosofia divergiam e propunham modelos de vida distintos. Nesse contexto, somos apresentados ao relacionamento com o Cristo unificador do ser. A partir do momento de sua entrega, Paulo submeteu todas as áreas do seu ser à boa notícia do amor e graça que ele recebeu do Cristo que conheceu. Ele nos exorta a vivermos de modo integral, isto é, submetendo cada área de nossa vida à direção da Verdade em pessoa. Nas palavras do teólogo e ex-premier da Holanda, Abraham Kuyper, somos chamados a entender que “não há um único centímetro quadrado, em todo o domínio de nossa existência humana, sobre o qual Cristo, que é soberano sobre todos, não possa declarar: ‘é meu’”.

Unificado nas práticas

A partir desse entendimento e dessa entrega, somos unificados também em nossas práticas. Quando submetemos cada área do nosso ser ao senhorio de mCristo, tudo que fazemos é para que as características do amor de Deus sejam expressas e, assim, o próprio Cristo seja engrandecido por nosso intermédio. Ou seja, nossas ações passam a ser revestidas de um caráter amoroso, perdoador e gracioso. Não interessa se estamos num templo, no campus, numa reunião religiosa, num grupo de estudos, num momento de oração ou até mesmo numa conversa descontraída com amigos de faculdade, precisamos praticar integralmente os valores que a nova vida em Cristo nos proporciona. O nosso jeito de estudar, as expectativas sobre o trabalho, as amizades, o namoro e o agir, nas diversas áreas da nossa vida, manifestarão o nosso novo propósito: evidenciar, na prática, Jesus Cristo, a Verdade que conhecemos, ao qual entregamos cada parte de nosso ser.

A alegria da vida unificada

Uma vez unificados no fundamento do que conduz a nossa vida e na integralidade de nossa prática, adquirimos condições de viver de forma plena. Encontramos a segurança de não sermos levados por qualquer tipo de informação, posicionamento ou força ideológica, pois temos critérios claros, vindos de Cristo, que nos ajudam a ouvir, a julgar e a ficar “com o que é bom” (1 TESSALONICENSES 5:21). Além disso, temos direção e, submissos à Verdade, sabemos testar nossas motivações e agir de forma correta, evidenciando as virtudes que conhecemos e recebemos de Deus. Por fim, nos sentimos em paz. Não precisamos mais criar personas para os diversos ambientes em que transitamos, a fragmentação não é mais um recurso de adequação. No amor, no próprio Deus que define a nossa identidade, encontramos a tranquilidade de expressar quem somos e, portanto, nos tornamos livres para viver de maneira autêntica, intensa, boa e inteira.  Tudo isso mudou apenas quando eu descobri minha verdadeira identidade: a de filho de Deus. Foi um caminho longo, mas entendi que ser filho de Deus não estava atrelado ao meu desempenho, mas ao sacrifício perfeito que havia sido feito por mim. Se você também já se sentiu assim, saiba que Cristo não quer seu desempenho, Ele deseja seu coração; entregue-o a Ele.

QUESTÕES PARA DEBATE

  1. Qual é o grande desafio em viver a partir dos conceitos da verdade que Jesus apresenta?
  2. Como podemos integrar fé e estudos, espiritualidade e universidade?
  3. Como a verdade de Jesus se faz presente em cada área da sua vida?

 

ORAÇÃO

Pai, agradecemos-te por Teu interesse em nossa existência e por teres uma vida íntegra e plena para cada um de nós. Perdoa-nos pelas vezes em que tentamos nos firmar fora de ti. Ajuda-nos a te encontrar verdadeiramente, não como um conceito religioso, mas como o Pai de amor, graça e perdão. Que Teu amor defina nossa identidade e que, a partir disso, sejamos unificados para revelar quem Tu és por meio de nossas práticas. Em nome de Jesus. Amém!

Diego Xavier 

Capelão — UniEVANGÉLICA