Em abril de 2020, o governo australiano ordenou que a população entrasse em lockdown. Sem escolas, sem casamentos, sem funerais. Mas nos foi permitido estar ao ar livre para um pequeno conjunto de atividades essenciais. Quais eram elas exatamente? Essas atividades incluíam sair para se exercitar, comprar álcool e cortar o cabelo. Sim, de alguma forma, cortar o cabelo era mais essencial do que ir a escolas, casamentos ou funerais.

Mas isso é porque a COVID-19 tem sido um momento único para nós. Nunca tivemos que lidar com algo assim em nossa geração. Quem pode dizer o que é essencial ou não essencial?

Antes disso, a pandemia era algo que havia acontecido na geração de nossos tataravós, mas não ao nosso mundo moderno. Colocamos um homem na lua. Inventamos a melancia sem sementes. Construímos veículos sem motorista. Até parecia que não havia limites para o que os humanos eram capazes de fazer… e então o coronavírus nos atingiu. Desde então, todos estão sendo mantidos em casa. Como podemos ser tão impotentes contra um vírus minúsculo?

Estar isolado significa que nunca houve um momento mais difícil para evangelizar nossos amigos. Não podemos falar cara a cara. Mas também nunca houve um momento mais fácil para falar sobre Jesus. Aquelas coisas que antes estavam funcionando para meus amigos não estão mais. Eles estão famintos por respostas.

Então, como podemos falar sobre Jesus nestes tempos novos e desafiadores? Afinal, o mais profundo desejo de cada cristão é contar aos seus amigos quem é Jesus (Romanos 10:14-15).

Deixe-me sugerir três maneiras simples do que você pode fazer para compartilhar Jesus.

1. A Igreja está agora a apenas a um clique de distância - convide amigos para conhecer um culto.

Costumava ser quase impossível convidar amigos para conhecer um culto na igreja. Havia muitas barreiras sociais e culturais — não era algo que eles fariam confortavelmente. Além disso, a maioria dos meus amigos gostam de dormir no domingo de manhã, ou ir para a praia.

Mas agora que a maioria dos nossos calendários sociais estão vazios e nosso culto na igreja está online, tem sido muito fácil enviar o link para meus amigos. Eu simplesmente digo algo como: “Ei, eu pensei que isso poderia te animar”. E então compartilho o link. Os amigos podem não clicar no link imediatamente, mas eles vão ver seu gesto como a sua maneira de dizer que você se importa. E, talvez, se eles estiverem procurando respostas ou se sentindo para baixo, eles podem clicar no link alguns dias depois.

Acho que muitas outras pessoas também estão convidando seus amigos. Nossa igreja online está recebendo muito mais visitas do que costumávamos receber como uma igreja física. Mas isso também significa que as igrejas precisam ajustar o que fazem em seus cultos online. Por exemplo, precisam dar as boas-vindas aos recém-chegados nos primeiros minutos do culto. E precisamos mostrar a eles um link em que podem clicar se quiserem entrar em contato com alguém da igreja para orar ou se conectar.

Também precisamos executar o culto da igreja, sabendo que muitas pessoas assistindo são visitantes e descrentes nos examinando. É exatamente disso que Paulo estava falando em 1 Coríntios 14:22-25, na qual ele diz aos cristãos para administrar a igreja de tal forma que seja uma experiência mais acolhedora, menos intimidante.

Na minha igreja, isso significa que pretendemos manter nossos sermões [DF2] com menos de 20 minutos, e todo o culto por menos de 50 minutos. Também significa que somos sensíveis com nosso tom para evitar ser desnecessariamente ofensivos a um descrente que pode estar nos visitando.

2. Nossos amigos estão ansiando por vida em comunidade — convide-os a participar de pequenos grupos online

A convivência em comunidade em academias, esportes, lanchonetes [DF3] nos foi roubada pela COVID-19. Porém, podemos mostrar a eles que Jesus nos dá uma comunidade que sobrevive, não por causa do Zoom, mas apesar do Zoom!

Se nossos amigos são tímidos, eles podem simplesmente desligar suas câmeras durante as primeiras reuniões online. Mas eles podem pelo menos ver como os cristãos vivem em comunidade. Poderão ver como nos aproximamos, compartilhamos e oramos pelas necessidades uns dos outros. Isso certamente irá surpreendê-los! Há algo atraente sobre como os cristãos cheios do Espírito gostam de fazer parte do mesmo corpo de Cristo — vamos dar aos nossos amigos um gostinho disso. Depois de um tempo, eles também desejarão poder desfrutar de uma comunidade como essa.

3. Estamos todos ansiando por conversas profundas — convide-os a compartilhar seus medos, ansiedades e frustrações

Gosto de convidar meus amigos para uma confraternização virtual. Nós alinhamos um tempo para nos encontrar online, pegamos alguns lanches e bebidas e então fazemos esse tempo de confraternização juntos. Quando fazemos isso, gosto de perguntar aos meus amigos: “Como você está?”.

Nos meus dois livros sobre Evangelism in a Skeptical World (Evangelismo em um mundo cético) e How to Talk About Jesus (Como falar sobre Jesus), falo sobre as três camadas de conversa: (1) Interesses – o clima, o fim de semana, esportes; (2) Valores – as opiniões deles; (3) Visão de Mundo – o que é mais profundo, verdadeiro e real para você.

Antes da COVID-19, ninguém queria falar sobre visões de mundo. Esse assunto era considerado muito sério. Só queríamos falar sobre interesses — o clima, o que fizemos no fim de semana e os esportes.

Mas quando nos deparamos com a COVID-19, ninguém mais queria falar sobre o tempo. Os fins de semana pareciam dias de semana. E não havia esportes para falar. Em vez disso, todos queríamos falar sobre o que é mais significativo para nós.

Então tudo o que eu passei a fazer foi simplesmente perguntar aos meus amigos, “Como você está?” e dar-lhes oportunidade para falar sobre seus medos, ansiedades e frustrações. Tudo o que eu preciso fazer é ser um bom ouvinte, para fazê-los saber que são ouvidos e compreendidos por mim.

O que gosto de fazer a seguir é me oferecer para orar por eles: “Minha esposa, filhos e eu oramos todas as noites pelos nossos amigos. Está tudo bem se orarmos por você?”.

Antes da COVID-19, ninguém queria falar sobre oração. Agora, meus amigos se sentem muito aliviados em ouvir que desejo orar por eles. Eles dizem: “Oh, por favor, você faria isso? Seria maravilhoso!”.

Na ocasião seguinte, em que os vejo, digo-lhes que oramos por eles. Ao fazê-lo, eles podem ver a diferença que Jesus tem feito durante esta pandemia. Temos um Deus que nos ama o suficiente para ouvir nossas orações. Mas também temos um Deus poderoso o suficiente para responder às orações.

Realmente não sabemos quanto tempo mais essa pandemia vai durar. Na Austrália, pensávamos que nós a havíamos vencido. Conseguimos achatar a curva do crescimento de infecções depois de apenas algumas semanas. Tivemos quase zero casos novos nos três meses seguintes. Mas, uma vez que diminuímos as restrições, o coronavírus voltou, e parece que não sabemos para onde ir. Nossa segunda onda é maior que a primeira. A eliminação tem sido impossível. A supressão não funcionou. Nosso futuro é completamente incerto. Não podemos controlar esse vírus.

Porém, uma coisa sabemos com certeza: estes são tempos novos e emocionantes em que podemos ser Jesus para nossos amigos. Podemos amá-los, cuidar deles, orar por eles. E podemos procurar maneiras novas e criativas de mostrar-lhes a diferença que Jesus faz em nossa vida.

Escrito por Sam Chan, Austrália

Sam Chan (PhD, Trinity Evangelical Divinity School) é um evangelista do City Bible Forum em Sidney, Austrália, onde compartilha regularmente o evangelho com banqueiros e advogados, no café da manhã; trabalhadores da cidade, durante seu intervalo de almoço; estudantes do ensino médio e universitários, à noite. Ele fala em conferências ao redor do mundo sobre os temas da ética, contação de histórias, apologética e a prática do evangelismo em uma cultura pós-cristã. O blog do Sam está disponível no endereço: espressotheology.com. Ali ele tem produzido esses recursos para compartilhar Jesus em um mundo pós-Covid-19 dentro do The Post-Covid Playbook.

Originalmente publicado no YMI ( https://ymi.today/2020/08/3-ways-to-share-jesus-in-a-post-covid-world/) que faz parte de Ministérios Pão Diário, em inglês. Traduzido e republicado com permissão.