Sim, todas as outras coisas são insignificantes comparadas ao ganho inestimável de conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, deixei de lado todas as coisas e as considero menos que lixo, a fim de poder ganhar a Cristo e nele ser encontrado
Filipenses 3:8,9

O homem que escreveu essas palavras o fez de uma fria e solitária cela de prisão por volta de 60 a.C., acorrentado 24 horas por dia a um guarda romano. Enquanto ele escrevia essa carta, sua reputação e bom nome estavam sendo arrastados para a lama por seus rivais, invejosos de sua influência sobre as igrejas da Ásia e Macedônia. De fato, aquelas mesmas igrejas que ele plantou, incluindo a de Filipos, para quem ele estava escrevendo naquele momento, estavam sob ameaça de perseguição e apostasia. Resumindo, muito daquilo pelo qual esse homem havia trabalhado e realizado nas últimas décadas de sua vida estava sob ataque e risco de ser destruído.

Então, que diferença fazia para Paulo de Tarso (5 d.C. — 64/67 d.C.) crer em Jesus? Bem, de certa forma você poderia dizer: muita. Mas num bom sentido. Quando Paulo escreve que deixou de lado todas as coisas, ele falava sério. Status, segurança, tudo se fora. E tudo porque ele passou grande parte da sua vida adulta na incansável proclamação da salvação pela fé em Jesus.

Acho que Paulo teria dito que isso tudo tinha a ver com sua profunda convicção do amor que Deus tinha por ele e como esse amor foi por fim demonstrado com a chegada de Jesus. Paulo sabia algo que para ele mudava tudo. 

Quando Jesus nasceu em Belém da Judeia (atual Cisjordânia) naquele primeiro Natal, Ele veio por uma razão. Os acontecimentos que rodeavam Seu nascimento atestam isso. O registro de uma testemunha ocular de Sua vida nos relata que Ele se chama Jesus (que quer dizer “Deus salva”) porque “ele salvará seu povo dos seus pecados” (Mateus 1:21). Isso significa que Seu único propósito na Terra era resgatar homens e mulheres do castigo que merecemos por rejeitarmos a Deus. 

O que você acha disso? Talvez você pense que, no fundo, é uma boa pessoa — então a ideia de castigo pelos “pecados” é simplesmente ridícula. Mas Paulo de Tarso olharia você nos olhos e pediria para ser honesto consigo mesmo: você é realmente “bom”? Quem pode decidir afinal? Paulo nos diria que, praticamente em todos os livros, ele era uma boa pessoa — irrepreensível sob seu entendimento das leis judaicas (Filipenses 3:4-6), e ainda assim completamente condenado aos olhos do Deus santo e justo.

Eis aqui o porquê: Deus não vê o “pecado” apenas como algo ruim que você e eu fazemos de errado todos os dias. O que o Senhor diz é muito mais penoso: que estamos vivendo em trevas e em rebelião contra Ele. A humanidade está vivendo no Seu mundo (até degradando-o), usando Suas coisas e respirando Seu ar, tudo sem qualquer referência ou reverência a Ele. E esse é o problema, pois, se Deus é santo, justo e bom, e se estou vivendo como se Ele não fosse ninguém, então esse tipo de comportamento merece julgamento — pergunte a qualquer pai.

Contudo Deus, em Seu profundo amor pela Sua criação e Seu desejo por um relacionamento com Seu povo, administra Ele próprio o antídoto enviando Jesus. Deus oferece perdão e uma saída para nosso julgamento, de outra forma, inevitável. E a maneira como isso acontece é por meio de Jesus morrendo em uma cruz romana, levando em nosso lugar o castigo que merecemos por viver no mundo de Deus como se Ele não existisse. O sacrifício de Jesus garante o nosso perdão. Ele tomou o nosso lugar, condenado como um pecador, para que pudéssemos ser perdoados. Como diz meu antigo pastor: “O Natal aconteceu por causa da Páscoa”.

Crer nesse sacrifício significa que Deus agora nos vê como Ele vê Jesus. A Bíblia descreve os cristãos como estando escondidos com Cristo (Colossenses 3:3). Inacreditavelmente, Deus não vê mais nosso pecado, mas a justa perfeição de Seu filho. De forma crucial, o arrependimento (renunciar a nossa rebelião) e a fé (confiar em Jesus) nos leva ao relacionamento com Deus. Como cristão, posso ouvi-lo falar em Sua Palavra, a Bíblia, e falar com Ele sabendo que me ouve porque confio em Jesus.

Por ser um cristão, Paulo de Tarso tinha certeza de que não precisava temer o julgamento de Deus. Ele estava certo do perdão conquistado na cruz em seu lugar. Assim, mesmo estando sentado em uma suja cela de prisão, ele incrivelmente não podia deixar de se alegrar por receber essa dádiva. Ele pode ter morrido condenado como um criminoso, mas no fim ele sabia que tinha sido justificado diante de seu Criador.

Paul Wong

Perguntas para reflexão