Dia Internacional das Pessoas com Deficiência - Muito além das barreiras arquitetônicas

Meu nome é Luciane Toyoshima Krauser, tenho 48 anos e me locomovo com o auxílio de uma cadeira de rodas, pois tenho paralisia cerebral. Sou formada em Letras e Teologia. Desde pequena frequento a igreja e tive que aprender a lidar com várias questões, porque na minha infância a temática da inclusão nem sequer existia. A falta de conhecimento sobre assuntos relacionados a deficiência, o preconceito, a discriminação e, principalmente, o isolamento faziam parte do meu cotidiano. 

Com o passar do tempo, quando comecei a frequentar a escola, surgiu mais um obstáculo, o capacitismo. Como sempre estudei  em escolas regulares tinha que provar que conseguiria acompanhar  a turma apesar da minha limitação  física (vale lembrar que nunca tive qualquer  comprometimento intelectual ou cognitivo).

Na minha juventude finalmente encontrei uma igreja que realmente fazia com que eu me sentisse membro do Corpo de Cristo. Lá fiz muitos amigos, tive várias experiências participando de retiros e viagens missionárias nacionais e internacionais. Servi em diversos ministérios, por exemplo, oração, adolescentes, inglês e finalmente, depois de muita resistência pessoal, o ministério para pessoas com deficiências. Muitas pensam que enfrentamos apenas barreiras arquitetônicas, porém as barreiras atitudinais são muito mais complexas.

Quando paramos para pensar sobre as pessoas com deficiência, especialmente aqueles que têm alguma dificuldade de locomoção, normalmente o primeiro ponto que nos vêm à mente está relacionado à falta de acessibilidade e a existência de barreiras arquitetônicas. Escadas são bem mais comuns que rampas, faltam elevadores, as portas são muito estreitas e difíceis de abrir… esse certamente é um item muito relevante e que deve ser  considerado e ainda há muito a ser feito quanto a isso, porém essa é apenas a ponta do iceberg.

Existem muitos obstáculos que precisamos superar diariamente. Somos diferentes apenas quanto ao método que utilizamos para nos locomover e exercer o nosso direito de ir e vir, talvez haja algumas outras limitações físicas que são evidentes, mas na essência somos pessoas comuns que têm qualidades e defeitos como qualquer ser humano. Nossas limitações e dificuldades nos desafiaram a fazer escolhas complicadas e nos adaptarmos para poder realizar algumas tarefas cotidianas, muitas vezes precisamos de ajuda ou dependemos de alguém. Mas isso não nos torna super-heróis ou apenas grandes exemplos de vida. Todos, deficientes ou não, somos exemplos uns para os outros e como o apóstolo Paulo diz, somos um corpo e precisamos do apoio dos nossos irmãos.  

A cadeira de rodas faz parte da nossa vida, mas o grande anseio do nosso coração é encontrar pessoas que possam ver além das aparências, além do nosso meio de transporte. Da próxima vez em que você encontrar um cadeirante tente não olhar apenas para a cadeira de rodas, olhe para a pessoa que está sentada nela e não focalize no que a faz um pouco diferente dos padrões estabelecidos e busque algo em comum com ela, algo que vocês possam compartilhar numa conversa, ou através de um pequeno gesto como um abraço ou um sorriso. Não tenha medo de se aproximar, se você tem alguma dúvida ou não sabe como ajudar pergunte como deve proceder.   

Esse provavelmente é um grande desafio para você, mas dê o primeiro passo, se o seu coração estiver aberto e disposto a entrar num novo mundo você não vai se arrepender.   

Hoje faço parte de uma igreja muito acolhedora que me recebeu de braços abertos e está trabalhando firmemente para implementar um ministério para e com pessoas com deficiência e suas famílias. Isso significa que os deficientes e seus familiares são apoiados pelo ministério e todos participam ativamente de seu desenvolvimento. 

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