Cartas para Karen traz uma conversa entre um pai amoroso e sua filha que estava prestes a dar um grande passo: o casamento! Quão preciosos são seus conselhos que mesmo muitas coisas tendo mudado no mundo desde então, suas palavras encorajadoras, orientadas e desafiadoras permanecem oportunas para todos aqueles que desejam em um relacionamento conjugal abençoado e abençoador!

Minha querida Karen,

Uma das melhores coisas já escritas sobre o amor é 1 Coríntios 13. Na próxima vez que você ler esta passagem, observe que a única repetição no capítulo todo é esta:

Em parte, conhecemos!

O escritor parece estar dizendo: “Retorne e contemple mais uma vez os infindáveis panoramas do amor. Nisto, você encontrará algo que deve ser considerado novamente. A beleza nos relacionamentos humanos não exige pleno conhecimento dele de uma única vez”.

Podemos ser eternamente gratos por isto de várias maneiras. Uma delas, pela qual sou muito grato, é o fato de que as pessoas não podem enxergar dentro de mim! Então, retornamos e revisamos o conceito novamente; não é também bom que não saibamos tudo sobre outras pessoas? Não fosse esta dupla proteção, todos nós nos uniríamos ao insano coro: “Parem o mundo, eu quero descer!”.

Mas quando se aplica ao casamento, isto não é nada menos do que um presente colossal. Estar casado com alguém em que você vê ilhas a serem descobertas, montanhas a serem escaladas, vales a serem explorados e novos enigmas acenando à distância — isso é absolutamente o melhor.

Contudo, cria alguns problemas. Você não consegue aprender, de uma única vez, a lidar com pessoas como estas. É verdade que os dias nunca se tornarão tediosos quando se iniciar esta jornada; contudo por outro lado, pode ser, em alguns momentos, irritante.

Então quando você sentir vontade de dizer: “Homens! Por que o meu marido faz essas loucuras? Será que algum dia compreenderei o que o faz agir assim?”, quando você se sentir dessa forma, apenas seja grata por um homem que você não consegue compreender de uma única vez.

Esta beleza do conhecimento parcial é o que faz a vida com os seus amados ser tão fascinante. Poderia esgotá-la se você permitisse, mas pode também manter seu coração cantarolando com a empolgação de simplesmente estar viva.

Minha querida Karen,

“Matrimônio divino” é um termo eclesiástico que tem um toque suave onde quer que você o ouça. Em duas palavras parecem unir aquela sagrada segurança que praticamente todos esperam encontrar algum dia.

Mas você faz bem se compreender que isto nunca é correto a menos que haja dois elos neste enlace. Cada um de vocês tem direito a um deles e são seus para usar com sabedoria.

“Tudo o que tenho é seu!” “Se você me quiser eu sou seu, mas você tem que ser só minha!” “Por que não ficar com tudo o que há em mim?”; este tipo de coisa pode funcionar bem nas canções melosas dos românticos, mas o casamento em seu melhor aspecto não vive sob o código do jukebox. Ele vive pela integração gradual de duas pessoas que concedem uma à outra o espaço necessário para seu desenvolvimento pessoal.

Como muitas outras coisas no relacionamento marido-esposa, há uma linha tênue aqui; porque cada casamento representa a união de duas pessoas singulares, ninguém sabe exatamente onde a “linha da liberdade” fica melhor marcada em sua união. Será preciso testar e alongar cuidadosamente para, juntos, descobrirem a sua própria.

Nenhuma esposa ocupa seu lugar certo se estiver subjugada sob total dominação de um marido tirano. Você reconhecerá imediatamente que o mesmo se aplica na situação oposta.

Então, espero que vocês dois se lembrem deste interessante paradoxo sobre o “estar junto”. Deve incluir qualquer quantidade de “estar separado” que seja necessária para cada um de vocês. E se você der espaço suficiente para o “estar separado”, ele cria um modo de magnetizar o “estar junto”.

Em outras palavras, quanto mais vocês conseguirem ser livres um do outro sem ressentimento quando sentirem a necessidade de liberdade, mais serão livres um com o outro ao compartilharem-se por inteiro.

Mas tenho novidades — vocês só alcançarão as sublimes alturas da união perfeita se prometerem um ao outro liberdade suficiente para desenvolver a criação original que é o “alto e santo lugar” em cada indivíduo.

O matrimônio divino é isto — duas pessoas crescendo tanto individualmente quanto em unidade até se tornarem o que deveriam ser juntos.

Minha querida Karen,

Entre os primeiros lugares na lista de casamentos felizes que eu e sua mãe conhecemos está a união entre Bob e Helen J.

Um dia, quando ele e eu estávamos sozinhos na sala de estar, decidi descobrir mais sobre isto. Indaguei:

—Bob, você e Helen parecem tão perfeitamente ajustados um ao outro. Tenho observado vocês por algum tempo e acho incrível. Vejo muitos casamentos infelizes. Você tem algum segredo que eu possa transmitir a outros?

Ele gargalhou um pouco, porém mais em hesitação do que em constrangimento. Em pouco tempo começou a relatar uma história que, acredito, seja um clássico.

—Nós tínhamos muitas dificuldades quando nos casamos, ele começou.

—Na verdade, chegamos até a conversar sobre desistir, porém, lemos algo que nos deu uma ideia. Decidimos fazer uma lista de todas as coisas que não gostávamos no outro. É claro que foi difícil, mas Helen me deu a dela e eu lhe entreguei a minha. Foi uma leitura muito dura. Algumas coisas nunca haviam sido ditas em voz alta ou compartilhadas de forma alguma.

—Depois, fizemos algo que pode parecer tolice, então espero que você não ache graça. Fomos até a lata de lixo no jardim dos fundos e queimamos as duas listas de coisas ruins. Ficamos olhando enquanto tornavam-se fumaça e nos abraçamos pela primeira vez em muito tempo.

—Na sequência, voltamos para dentro de casa e fizemos uma lista de todas as coisas boas que pudemos encontrar um sobre o outro. Isto levou algum tempo, considerando que estávamos numa situação muito difícil em nosso casamento. Mas continuamos e quando finalmente terminamos, fizemos outra coisa que pode parecer tola. Vamos até o meu quarto que lhe mostrarei.

Era um quarto impecável; muita luz e uma bela colcha na grande e antiga cama herdada da casa da avó. 

Mas no ponto central da parede daquele quadro havia duas molduras de carvalho e o que você acha que elas continham? 

Em uma estava a lista de coisas boas que Helen via em Bob. E na outra estava a lista com os garranchos de Bob que continha as virtudes de Helen. Era apenas isso. Apenas duas listas rabiscadas detrás de um vidro.

—Se é que temos algum segredo, Bob continuou…

—Acredito ser isto: concordamos em ler estas coisas pelo menos uma vez ao dia. É claro que, neste ponto, as memorizamos. Eu mal poderia começar a dizer a você o que elas fizeram por mim. Eu as recito para mim mesmo algumas vezes quando estou dirigindo ou esperando um cliente. Quando ouço amigos reclamando de suas esposas, penso em minha lista e sinto-me muito grato. O engraçado também é que quanto mais eu considero o bem que ela vê em mim, mais eu procuro ser assim. E quando realmente compreendi seus pontos bons, tentei ainda mais crescer sobre este alicerce. Agora eu acho que ela é a pessoa mais maravilhosa do mundo e acredito que ela meio que gosta de mim . E isso é tudo!

Isso é tudo, Bob disse!

Mas essa é a essência de um grande casamento. Este tipo de amor tem um jeito de cancelar gradativamente o que é ruim e enaltecer o que é bom.

É claro que vocês devem enfrentar as questões negativas e falaremos depois sobre isso. Mas serão mais atraentes um para o outro dentro de casa, aprenderão a apreciar o bem nos outros fora de suas paredes e eles reconhecerão mais prontamente o melhor em suas vidas se vocês inclinarem seu casamento nesta direção.

Minha querida, Karen

Vamos começar com um fato que você deve enfrentar: O humor é uma parte natural de qualquer personalidade. Em minha experiência não há exceções entre os homens. (Na verdade, nem entre mulheres e crianças.) A única variação na regra é em termos de grau, lugar, momento ou o que motiva a oscilação do humor. “Algumas vezes estou bem, algumas vezes estou mal” é a canção de todas as almas. Até mesmo os santos perdiam seu zelo parte do tempo.

Pensando nisto, não é de se concluir que essa escada rolante de via dupla faça parte de toda a vida? A música tem suas fugas sombrias e alegres cantigas de roda. A natureza tem seus ciclos. A história tem seus ápices e suas depressões. Aparentemente todas as coisas oscilam, e maridos não são exceção à regra.

Seja grata pelas bênçãos dos contrastes que estas experiências propiciam. Quando nossos amados estão de mau humor, o lado bom deles acaba se destacando, com grande alívio, depois que a agonia chega ao fim.

Talvez consigamos valorizar nossos parceiros naquilo que têm de melhor, pois nos é permitido vê-los também em seus piores momentos.

Você pode estar perguntando: “Mas o mau humor algumas vezes não passa de algo natural para algo ‘doentio’?”. Certamente que sim; e um modo de mensurar isto é o tempo que se leva para emergir dele. Qualquer mente geniosa que retorna rapidamente ao brilho do sol indica um clima interior sadio. Também é bom checar a frequência. Os momentos melancólicos têm sido mais frequentes? Outro sinal desagradável é o padrão montanha-russa: um dia nas alturas, outro lá embaixo! Quando este se intensificar em um índice alarmante, é melhor você correr em busca de conselho daqueles que lidam diariamente com mentes conturbadas.

Minha querida, Karen

Falemos então sobre manter as janelas de sua casa limpas para um olhar exterior. Ouvi recentemente um psiquiatra, amigo meu, apresentar um trabalho interessante sobre saúde mental. Ele disse uma coisa que vale ser repetida. Ele nos falou que aconselhou um de seus pacientes da seguinte forma:

—Você deveria fechar algumas janelas de seu egoísmo. Precisa fazer isto não apenas para deixar um pouco do Sol entrar, mas para permitir que seus olhos olhem para fora. Veja as crianças brincando, observe o vizinho cuidando do jardim, assista às pessoas passando pela rua, conte os carros que passam. Isto será uma excelente terapia. Você esqueceu que há outras pessoas no mundo além de você.

Aqui, este médico da mente aborda um dos maiores problemas do conselheiro. Alguns casais, como dissemos, olham muito pouco para seus parceiros. A maior exigência de outros é um olhar em seu interior. Então, como diz o especialista, há aqueles cuja cura depende de olhar juntos para fora.

Aqui estão alguns lugares em que isto se aplica.

Comecemos com amigos.

É bom que você e Vincent sejam “melhores amigos”. Porém, observei algumas amizades conjugais do tipo “eu e você” que começaram como uma pequena e aconchegante exclusividade e nunca foram além disso. Espero que vocês aprendam a aninhar-se em seu ambiente. Mas não permitam que seu ambiente os trague a ponto de jamais compartilharem o aconchego com amigos.

Então façam amigos e compartilhem o seu amor, pois esta é uma das grandes razões pela qual esse amor foi dado a vocês. O egoísmo em qualquer forma é pecado e, a menos que se dediquem ao amor que Deus trabalhou em suas vidas, vocês serão uma parte da maldade do mundo em vez de serem bênção para ele.

Outro movimento exterior que precisa de consideração é o virar-se aos parentes e sogros.

Que o seu relacionamento com “os associados” seja crescentemente agradável conforme os anos passam. Mas alguns vão na direção oposta. Muitas pessoas batem à porta da sala de aconselhamento pedindo ajuda comisto.

Alguns destes se originam quando o marido ou a esposa insiste em estender o tapete vermelho para a “velha e querida mamãe” ou “velho e querido papai”. Outros nutrem amargos ódios que podem ser facilmente compreendidos considerando o tratamento que receberam.

Desejaria que o destino a excluísse deste problema. Mas se não o fizer, há algo certo para se lembrar: Sempre que você for tentada a colocar seus parentes ou os de seu marido em seu devido lugar, lembre-se mais uma vez — com algumas pessoas o que conta é o que você não diz!

Cartas para Karen

Artigo inspirado no livro

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