Estes são tempos difíceis para a mulher cristã. Temos possibilidades maiores do que nossas mães tiveram. Temos liberdades que nossas mães nunca experimentaram. Hoje, podemos fazer escolhas que não foram opções para as mulheres de outras épocas. Os anos à nossa frente podem ser emocionantes ou aterrorizantes. Concordamos com Charles Dickens (renomado romancista inglês do século 18), quando escreveu: “Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos…”.
Podemos escolher, mas cada escolha traz riscos. A palavra grega que significa literalmente “uma escolha” é hairesis, também traduzida como “um dogma” ou “heresia”. Não podemos fazer nossas escolhas levianamente. Uma má decisão pode nos levar à heresia. A única âncora confiável é a Bíblia – a infalível Palavra de Deus. As mulheres cristãs, devem estar seguras de que entendem o que as Escrituras dizem sobre nossas escolhas.
Como mulheres, vivenciamos hoje o que os historiadores chamam de “mudança de paradigma”- uma época em que antigas convicções e atitudes estão sendo forçosamente desafiadas por novas crenças e novas condutas. Mas quais dessas crenças e atitudes estão firmemente ancoradas na Palavra de Deus, e quais delas são apenas produtos de nossas tradições? Precisamos reexaminá-las à luz da participação das mulheres na vida conjugal e familiar, educação, trabalhos e crescimento pessoal. Conceitos  antigos ainda não desapareceram e os novos ainda não assumiram o controle, mas a mudança já começou e vai continuar. Isso torna a nossa época ao mesmo tempo assustadora e emocionante. […]
À medida que lutamos como cristãs para encontrar uma posição firme na areia movediça das expectativas e oportunidades atuais, podemos pensar que nossa época é única. Porém, não é assim. Há 100 anos, as mulheres passaram por uma mudança de paradigma tão dramática como aquela que enfrentamos em nossos dias. […]
A esfera de ação da mulher era o lar. Para ela, era tabu se aventurar no espaço público. Durante o século 19, as mulheres não podiam votar, ingressar na maioria das faculdades e universidades,e eram impedidas de exercer a maioria das profissões. Políticos disseram que a elas convinha usar sua pureza, virtude e moralidade para exaltar os homens. Elas deveriam permanecer “acima da conspiração política deste mundo”. Isso se traduzia numa falsa cidadania, pois não tinham direito à propriedade nem ao voto. Cientistas declararam que a mulher, por ter um cérebro menor não sobreviveria aos rigores do Ensino Superior e que a sua capacidade reprodutiva seria prejudicada pelo excesso de pensamento. Esse era o paradigma do século 19 em relação aos membros do sexo feminino.
Mas as mulheres, mesmo com seu espaço delimitado, levaram a sério sua superioridade moral. Mulheres cristãs comprometidas com Deus começaram escolas dominicais para ensinar crianças pobres a ler. Criaram associações maternas para ensinar mães cristãs como alimentar seus filhos. Depois vieram os esforços para eliminar a prostituição e estimular a abstinência sexual antes do casamento. A partir disso, empreenderam uma cruzada contra o abuso do álcool e contra a escravidão. Com tudo isso, não demorou muito para que surgissem as faculdades para mulheres. Quando as agências missionárias se recusaram a indicar solteiras para o serviço missionário, foram criadas agências administradas por mulheres, que foram muito bem-sucedidas. E logo as mulheres começaram a reivindicar o direito de votar. Neste processo, a linha entre a esfera pública dos homens e o espaço restrito das mulheres torna-se turva.
Embora muitas dessas mudanças tenham ocorrido dentro do virtuoso paradigma vitoriano do que é a “verdadeira mulher”, no final do século 19, as mulheres encontravam-se presas na encruzilhada atual das novas liberdades, oportunidades e possibilidades.
Hoje, nos beneficiamos de seus esforços. Não valorizamos adequadamente suas vitórias duramente conquistadas, como por exemplo: o direito de votar e à propriedade, o acesso a faculdade, o ingresso a qualquer profissão. Esquecemo-nos – ou jamais o soubemos – da agonia que muitas dessas mulheres experimentaram enquanto buscavam a vontade de Deus para sua vida. Elas enfrentaram mudanças tão drásticas de paradigmas como as que enfrentamos hoje. Ouviram muitas vozes contraditórias e também tiveram que folhear as Escrituras repetidas vezes para encontrar a direção do Senhor para elas. […]
Algumas mulheres fizeram decisões com sabedoria, ao passo que outras fizeram escolhas destrutivas. Eva ingeriu um pedaço do fruto – apenas uma parte do fruto proibido – e trouxe sobre si mesma e sobre todas as suas irmãs desde aquela época as consequências devastadoras da queda. Miriã, uma profetisa a quem Deus usara, rebelou-se contra a liderança de seu irmão e ficou leprosa. Ester optou por arriscar sua vida em favor de seu povo em cativeiro, e salvou uma nação inteira. Raabe escolheu esconder os espiões israelitas e tornou-se uma ancestral do Messias. A viúva de Sarepta preferiu compartilhar seu último pedaço de pão com um profeta faminto e foi milagrosamente alimentada durante um longo período de fome. Abigail escolheu ir contra a ordem do marido e livrou sua família inteira. Ela também acabou se casando com o rei ungido. Rute escolheu ficar com sua sogra, Noemi, seguindo-a para uma terra estranha e ali encontrou a felicidade nos braços de um marido amoroso.
Escolhas, a vida é cheia delas e temos de fazê-las. Entretanto, como escolher corretamente? Como nossas irmãs vitorianas, podemos nos voltar para a Palavra de Deus e obter ajuda para fazer decisões sábias. Podemos aprender por meio de seus preceitos e exemplo nela descritos.
Uma última palavra. Quando falamos sobre a liberdade de fazer escolhas, descobrimos que existem dois tipos de mulheres. Algumas querem liberdade para escolher; outras, a liberdade advinda da escolha. As Escrituras fornecem exemplos de ambas. Na Bíblia, há uma gama bem mais ampla de escolhas do que muitas mulheres percebem existir. Ao mesmo tempo, nos defrontamos com delimitações bíblicas que preservam nossas decisões de se transformarem em heresia. Para escolher sabiamente devemos conhecer a Palavra de Deus e aplicá-la bem. Como fazemos isso? Tornando-nos mulheres de valor e sábias, mulheres a quem Deus usa.
Esta é apenas uma reflexão que você encontrará no livro A mulher que Deus usa, de Alice Mathews